ALUNO DO CRISTO, AMANTE DA VIDA, AMIGO DO HUMANO, ADMIRADOR DA CRIAÇÃO, AUXILIAR DA SOCIDADE.
A HUMILDADE
Ricardo Gondim
Sobre a
humildade, concordo com André Comte-Sponville: “Não é a ignorância do que
somos, mas, ao contrário, conhecimento, ou reconhecimento de tudo o que não
somos”. É a admissão de que cheguei onde estou sem gabar-me: “sou o que sou
pela graça”.
Quando penso
em humildade, acompanho Dwight Moody: “O homem pode demonstrar um falso amor,
uma falsa fé, uma falsa esperança e outras graças, mas jamais poderá simular
humildade”. Também concordo com Stanley Jones: “A essência do divino é a
humildade. O primeiro passo para encontrar a Deus é destruir nosso orgulho”.
A humildade
não sobrevive sem que se aniquilem as falsas onipotências. O petulante não
admite fragilidades, não reconhece limites, não aceita inadequações. O soberbo
se embrutece porque é insaciável. Apropria-se da pergunta do poeta: “Por que
não é infinito o poder humano, como o desejo?” Dionisíaco, atropela quem
estiver na frente. Odeia ser frustrado.
Spinoza
dizia que “a humildade é uma tristeza nascida do fato de o homem considerar sua
impotência ou sua fraqueza”. Nietzsche bateu o martelo: “Conheço-me demais para
me glorificar do que quer que seja”. E Comte-Sponville conclui: “O que é mais
ridículo do que bancar o super-homem?… A humildade é o ateísmo na primeira
pessoa: o homem humilde é ateu de si, como o não-crente o é de Deus”.
A humildade
e a gratidão necessitam uma da outra. O humilde sabe que não se fez; não é o
self-made man, que se recusa a reconhecer os que lhe ajudaram nos primeiros
degraus. Sente-se devedor dos pais que se sacrificaram para que estudasse, dos
professores que lhe incutiram valores, dos amigos que nunca censuraram na
vergonha, dos poetas que traduziram beleza, dos profetas que lhe falaram em
nome de Deus. Nos solilóquios, repete: “Não sou a causa de mim mesmo; vejo nos
outros a raiz da minha alegria; celebro o meu presente como um dom”.
A humildade
é esvaziamento. O prepotente não consegue amar. Só quem abre mão dos controles
sabe deixar-se invadir pela compaixão.
Simone Weil
afirmou que “o amor consente tudo e só comanda os que consentem em ser
comandados”. Amor é renúncia. Não existe a possibilidade de coerção e amor se
misturarem. O pretensioso é inflexível, impaciente e estúpido. O humilde recua,
na recusa de exercer força, poder, violência.
A humildade
é demasiadamente discreta. Se pretendo, um dia, ser humilde ninguém pode
perceber. Mas, espero aprender a não cobiçar a divindade.
Soli Deo
Gloria
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