IGREJA E DENOMINAÇÃO PORQUE TANTA DIFERENÇA

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O OBREIRO APROVADO


OS ATRIBUTOS DO OBREIRO APROVADO

Texto Base: At 6 1-7

INTRODUÇÃO:

1) O principio da igreja cristã.

      Conforme é relatado no livro de atos (1.8; 5.20), os apóstolos foram chamados, capacitados e designados pelo Senhor Jesus a pregar e ensinar o evangelho da graça de Deus. Começando não só por
 
Jerusalém, Judéia, Samaria. Mas, também, por conseguinte, a todo o mundo, a fim de alcançar para a salvação a todos os escolhidos, de todas as etnias,
 
que formam a igreja de Deus (Ap 14.6; 5.9; 7.9).
 



      “A expressão naqueles dias liga essa passagem firmemente aos relatos do ministério dos apóstolos em Jerusalém” (vs.1a). 1
 

      Como resultado do inicio do trabalho deles na expansão do evangelho do reino, a igreja de Jerusalém que começou com uns 120 membros (1.15), passou desse número para quase 3 mil pessoas que se converteram ao Senhor Jesus através da poderosa pregação de Pedro (2.41); decorrente ao evento do pentecostes, onde os apóstolos foram cheios do Espírito Santo (2.1-4).

“E todo este acontecimento, no que tange o crescimento numérico da igreja primitiva, ocorreu num espaço de + ou – 2 anos apenas”.2
 
     
 
2) Os problemas na igreja cristã.

     “A igreja nos seus primeiros dias de existência não tinha organização formal, nem oficiais ou líderes, com exceção dos apóstolos. O crescimento numérico da igreja e os problemas que surgiram na comunidade interna (6.1-7), como as queixas dos judeus helenistas “devido o esquecimento das viúvas na distribuição diária de alimentos”3 exigiu que se começasse a organizá-la”.4
 

      A questão em si não era que a comunidade de divisão de bens havia fracassado, mas o seu sistema de distribuição se mostrou falho em cumprir essa tarefa.
 
Os apóstolos sozinhos não tinham como lidar com o numeroso grupo de necessitados que havia e, ainda sim, fazer uma distribuição justa a cada um.

      Daí então eles pediram, portanto, aos membros da igreja, que escolhessem 7 assistentes para estarem ajudando eles nesse importante trabalho, de servir as mesas (santa ceia) e cuidar da parte administrativa (repartir os bens aos necessitados e viúvas). Sempre com toda diligência e responsabilidade para com a obra de Deus (vs.2-3).

ANALÍSE DO TEXTO
 
 
 
     O problema que estava perturbando e desestruturando a igreja primitiva era que, “as viúvas “estavam sendo esquecidas nessa distribuição diária” conforme vimos anteriormente (vs.1).5 Haja vista que “a bíblia exige o cuidado das viúvas que não tinha nenhum outro meio de sustento caso não tivessem familiares por perto” (1Tm 5.16).6

     “Nessa situação, estavam, sobretudo as viúvas dos helenistas. Depois de velhos, muitos casais haviam se mudado do exterior para a Terra Santa, sobretudo para Jerusalém. Estando morto o marido, e vivendo os filhos numa terra longínqua, o que seria da esposa agora? Simplesmente não havia uma possibilidade de ganho próprio para mulheres naquela época”.7
 

     “A partir daí se começou o serviço beneficente da igreja judaica em alimentar regularmente os necessitados (2.45; 4.35).
 

      William Barclay salienta que: “O fundo do qual se fazia esta distribuição se chamava Kuppah ou Cesta. Além disto, se fazia diariamente uma coleta de casa em casa para os que estavam passando necessidades prementes. Isto se chamava Tamhui ou bandeja. É evidente que a Igreja cristã seguiu este costume sabiamente”.8

“Conseqüentemente, as diferenças lingüísticas entre os judeus helenitas, que falavam o idioma grego e os judeus de origem hebraica que falavam o hebraico,”9 transformaram-se em empecilhos para esta grandiosa obra”.10

        Devido a esse problema de comunicação, foram afetadas as áreas de administração, “e as necessidades das viúvas de fala grega haviam sido negligenciadas. A queixa mostrava que a delegação de tarefas era necessária (vs.1-2). “É bem provável que estivessem inconscientes do problema em razão de muito trabalho que tinham de fazer”.11

E não estava certo que o ministério dos apóstolos estivesse submetido à área administrativa, “onde eles acabaram devotando a maior parte do seu tempo nesse ministério material em prejuízo do ministério da Palavra” 12. Tal negligência não era razoável. E por isso precisavam de ajuda (vs.2-4).
 
     “A administração era uma questão delicada que afetava o bem estar de toda a igreja, de modo que esse humilde serviço requereria pessoas de boa reputação, sábias e, acima de tudo, cheias do Espírito Santo (vs.3)”. 13


NOTAS:

1- David S. Dockery. Manual bíblico vida nova, pág 680.
2- Bíblia em ordem cronólogica.
 
3- Comentário bíblico africano, pág 1343.
4- Comentário bíblico Moody. Livro de atos, pág 29.
5- Werner de Boor. Comentário esperança atos dos apóstolos, pág 60.
6- Comentário bíblico Atos NT. Craig S. Keener, pág 353.
7- Bíblia de estudo de aplicação pessoal. Notas de rodapé.
 
8- William Barclay. Comentário bíblico de atos, pág 49.
9- Bíblia de estudo de aplicação pessoal. Notas de rodapé.
 
10- Werner de Boor. Comentário esperança atos dos apóstolos, pág 60.
11- Novo comentário bíblico Atos. David J. Williams, pág 134.
12- Comentário bíblico Moody. Livro de atos, pág 30.
13- Comentário bíblico NVI, pág 1771.



ARGUMENTAÇÃO


       Às vezes Costumamos chamar esses 7 homens de (At 6) de diáconos. “O termo grego diakonos é usado em (6.1) distribuição, e o verbo diakoneo, servir é usado em (6.2). No entanto, estes 7 homens não recebem oficialmente este título aqui. (Fp 1.1) fala de diáconos e em (1Tm 3.8-13) apresenta as qualificações para essa função. O termo significa simplesmente servo”.14 
 

     Vamos analisar então os 3 atributos indispensáveis que devem fazer parte do currículo do obreiro aprovado, para que este exerça e tenha um ministério diligente e frutífero para a glória de Deus.  Senão vejamos:

1) O obreiro tem que ter boa reputação (vs.3a).

APLICAÇÃO

      Esta é a primeira e uma das principais marcas que deve estar presente no caráter de todo o obreiro cristão normal. “O substantivo (boa reputação) vem do termo grego “martyreo”, que significa ter bom testemunho, apresentar um testemunho honrado; na voz passiva denota ter bons testemunhos sobre si”.15

      Mesmo para o desempenho de deveres práticos, para o encargo na área administrativa e servir as mesas, que por ser algo simples de se fazer, mas na realidade também é um ministério espiritual, era preciso escolher homens capazes. As pessoas precisavam ter dotes espirituais, entre eles, uma boa reputação.
 
“Os apóstolos não dizem por que devem ser justamente 7. Contudo, nas comunidades judaicas a diretoria local geralmente era formada por 7 homens, os quais eram chamados “os 7 da cidade”.16

      Paulo reforça a idéia dessa qualidade também em (1Tm 3.1-12), onde ele sintetiza as qualificações necessárias que o candidato ao presbiterado deve possuir, para que este esteja apto para exercer o ministério da maneira bíblica e correta.

E uma dessas descreve a necessidade de se ter um bom testemunho (vs.7), que não é somente um atributo que deve estar presente na vida do presbítero, restrito a ele somente, mas também os diáconos, outros tipos de obreiros e cristãos em geral, da mesma forma, devem ter um bom testemunho perante todas as pessoas.
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ANALÍSE DO TEXTO (1Tm 3.8 e 12)   
 

     A reputação do obreiro cristão se baseia nestes 2 pilares:

 a) O BOM TESTEMUNHO NA ÁREA DOS RELACIONAMENTOS EXTERNOS (1Tm 3.8)

     O que Paulo está dizendo aqui é que, o diácono, deve procurar zelar pelo seu testemunho no seu ambiente de convívio externo (sociedade). Ou seja, o obreiro cristão deve ser honesto (vs.8a), comprando e pagando os seus compromissos em dia, honrando o seu nome.
 

     O diácono não deve ser um homem de língua dobre (vs.8b), ou seja, homem de “duas palavras.”17 A palavra no grego pode significar “contador de histórias, sugerindo a idéia de fofoqueiros, ou pode ser consistente naquilo que diz. Pensar e dizer a mesma coisa, ou pode não dizer uma coisa a uma pessoa e outra para a próxima”.18 Em outras palavras, são pessoas em quem não se pode confiar.
 

     O diácono também deve ser moderado no uso do álcool (vs.8c), “se porventura quiser beber”19 evitar embriagar-se, para assim, não causar um mau testemunho “aos de fora” (vs.7), que são os não cristãos e, principalmente, a própria igreja e os irmãos. Mas se o ato de beber vinho vier causar algum escândalo, é preferível que a pessoa não beba (Rm 14.13b-15, 16, 18; 1 Cor 10-32).

     E por fim, o diácono não deve ser um homem ganancioso, cobiçoso em relação ao dinheiro em busca da riqueza a qualquer custo (vs.8d) (Tt 1.7; 1Pe 5.2). Mas procurando sempre levar uma vida simples para não ser motivo de escândalo algum (1Tm 6. 6-12).
 
     “Assim nessas 4 expressões: No comportamento, na fala, no uso do álcool, na atitude em ralação ao dinheiro, os candidatos ao diaconato devem ter controle de si mesmos”.20

b) O BOM TESTEMUNHO NA ÁREA DO RELACIONAMENTO INTERNO (vs.12).

      Aqui nos diz que, o diácono, “presume-se ser ele casado, deve ser um exemplo para os demais na fidelidade para com a sua esposa”21. Indubitavelmente, Paulo não está dizendo que para uma pessoa exercer o ministério do diaconato ela tenha que ser casada especificamente, e que os não casados não estão aptos.
 

      O que o texto diz é que, “o bispo (vs.2) ou o diácono sejam de uma moralidade inquestionável, que sejam inteiramente fieis e leais a sua esposa”.22 Segundo o meu entendimento, caso o individuo que é diácono, mas é solteiro, este não deve ter uma vida amorosa instável, estar sempre se relacionando com mulheres diferentes e nunca com uma só.
 

O diácono solteiro deve evitar esse tipo de comportamento e procurar se estabilizar na área afetiva, com uma mulher que ele veja que, através do namoro, essa relação possa vir a resultar num casamento pautado na palavra de Deus.
 

    “E os que servirem bem no diaconato alcançarão duas coisas:

1) Uma excelente posição (vs.13). Pode ter aqui o sentido de que, servindo bem no diaconato, isso seria um passo para o presbiterado. 2) Os diáconos fiéis ganharão uma grande determinação na fé em Cristo Jesus. Em outras palavras, o serviço fiel fará crescer sua confiança em Cristo”.23     
 
  
 
2) O obreiro tem que ser cheio do Espírito Santo (vs.3b).
          
 
      Em contraste com o batismo (com) ou (no) Espírito Santo, que é um ato único quando o individuo aceita a Cristo como senhor e se converte. Ou seja, No momento da salvação todos os cristãos passam a ser habitados pelo o Espírito Santo. “Deus coloca em cada cristão o Espírito em unidade com todos os outros cristãos” (1Cor 12.13).24    
 

      E, portanto, existe esta distinção entre encher-se do Espírito, que é um ato contínuo, que deve ser buscado diariamente, ser cheio da sua plenitude e o ser habitado pelo Espírito, no qual todo cristão genuino é, morada do Deus triúno (1Cor 6.19-20).
 

       Jonh Macarthur diz sobre a questão do ser cheio do Espírito que: “O enchimento é uma realidade repetida do comportamento (controlado) pelo Espírito, que Deus ordena aos crentes manter”.25
 
     APLICAÇÃO

      Todavia, o obreiro cristão para desenvolver bem o seu trabalho na obra de Deus, seja a mais simples tarefa, para ser aprovado por Cristo, este deve pautar sua vida devocional nessa tríade perfeita.
 

O Obreiro só vai ser diariamente cheio do Espírito Santo através de uma vida piedosa e disciplinada pelas 1) orações; 2) na reflexão da palavra e com  3) jejuns. Assim teremos uma comunhão mais profunda com Deus dia após dia.
 

3)  O obreiro tem que ser um homem sábio (vs.3c).

APLICAÇÃO

     Há uma grande diferença entre ter conhecimento e ter sabedoria. O conhecimento humano ou a (sabedoria humana), é algo que você adiquiri numa sala de aula, através de livros e exposições orais. Cada um de nós possui um conhecimento em certa área específica, devido a termos estudado e aprendido até na prática.
 

      Já o conhecimento espiritual ou a (sabedoria espiritual) é algo que não se adiquiri em uma sala de aula, através de livros ou exposições orais. É uma dádiva concedida por Deus a nós, quando o pedimos. Conforme (Tg 1.5) E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente.
 

      Hernandes Dias Lopes ressalta que: “A sabedoria é mais que conhecimento, é o uso correto do conhecimento. Conhecimento pode ser definido, como conhecer bem a bíblia. Sabedoria é usar bem a bíblia. Sabedoria é olhar a vida com os olhos de Deus. Há pessoas cultas e tolas. Há pessoas eruditas, mas não sabem viver a vida e nem fazer escolhas certas”.26
 

      Entretanto, neste contexto de (At 6), os 7 assistentes escolhidos pela a igreja precisavam ter sabedoria. Não obstante, estes homens precisavam ter sabedoria na administração, para terem um juízo sensato e distinguir as necessidades genuínas de meros desejos inúteis das pessoas na distribuição aos necessitados.
 

“De acordo com o principio da distribuição, não devia faltar nada a ninguém, mas também não significava que ninguém devia receber mais do que os outros (2Cor 8.14-15). Era preciso que os assistentes soubessem avaliar a quantidade exata de cada pessoa que precisava”.27

NOTAS:

14- Warren Wiersbe. Comentário expositivo do Novo testamento, pág 557.
15- James Strong, dicionário do novo testamento grego.
 
16- Werner de Boor. Comentário esperança atos dos apóstolos, pág 61.
17- Novo testamento interlinear grego/português, pág 773.
18- Fritz Rienecker e Cleon Rogers. Chave lingüística do Novo testamento em grego, pág 462.
19- William hendriksen. 1, 2 Timóteo e Tito, pág 166.
20- John Stott. A mensagem de 1 Timóteo e Tito, pág 100.
21- William hendriksen. 1, 2 Timóteo e Tito, pág 153.
22- William hendriksen. 1, 2 Timóteo e Tito, pág 153.
23- John Stott. A mensagem de 1 Timóteo e Tito, pág 101.
24- Bíblia de estudo Macarthur. Notas de rodapé.
25- Bíblia de estudo Macarthur. Notas de rodapé.
26- Hernandes Dias Lopes. Comentário expositivo de Tiago, pág 20-21.
27- Comentário bíblico africano, pág 1343.    
 


CONCLUSÃO


      Para que o trabalho na obra de Deus venha alcançar êxito e prosperar, a igreja de Cristo precisa de obreiros capacitados. Um obreiro que está aprovado para cumprir bem o seu papel no ministério possui estas 3 marcas essenciais: Boa reputação, cheio do Espírito Santo e sábio.

     O obreiro cristão precisa ser de boa reputação para ser exemplo de encorajamento na fé para os irmãos e um exemplo para os não cristãos a fim de ganha-los para Cristo. O obreiro cristão precisa ser cheio do Espírito Santo, revestido diariamente da sua unção e precisa ter sabedoria, que também é um dom do Espírito.
 

     A palavra da sabedoria é a habilidade de compreender a palavra de Deus e a sua vontade, e a hábil aplicação desse entendimento a vida prática (1Cor 12.8).

No entanto, o obreiro com esse dom deve usá-lo no seu ministério quando ministrar na igreja, quando evangelizar aplicando a palavra de Deus de maneira prática na vida da pessoa, e no aconselhamento das pessoas, orientando-as de acordo com a palavra de Deus.     
 

Um comentário:

  1. Paz meu amigo...
    Constitui-se uma alegria para minha alma poder compatrilhar da sua amizade. ainda não li seus artigos assim que puder fazer uma pausa estarei lendo e na medida do possivel comentando... paz de seu novo amigo Pr. Gesanias de Oliveira ADOSASCO Jardim aliança....

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