Filosofia cristã
Filosofia cristã - é o
conjunto de ideias filosóficas iniciadas pelos seguidores de Jesus Cristo
do século II
aos dias de hoje.
Esta filosofia
surgiu com o intuito de unir ciência e fé, partindo de explicações racionais naturais tendo o auxílio
da revelação cristã. Vários pensadores
acreditavam que havia uma relação harmoniosa entre a ciência e a fé, outros
afirmavam que havia contradição e outros tentavam diferençá-las.
Esta mesma discussão era questionada no campo da filosofia e da fé. Diversos
filósofos relacionavam o pensamento grego com o pensamento cristão.
Há
estudiosos que questionam a existência de uma filosofia cristã propriamente
dita. Esses afirmam que não há originalidade no pensamento
cristão e seus conceitos e ideias são herdadas da filosofia
grega. Sendo assim, a filosofia cristã seria resguardadora do
pensamento filosófico, que já estaria definitivamente elaborado pela filosofia
grega, e defensora da fé.
No
entanto, Boehner e Gilson afirmam que a filosofia cristã não é simples
repetição da filosofia antiga, embora que devam à ciência grega os
conhecimentos elaborados por Platão, Aristóteles e os Neo-platônicos.
Chegam a afirmar que na filosofia cristã a cultura grega
sobrevive em forma orgânica. 1
Os mestres gregos eram assim os pedagogos dos pensadores cristãos. A filosofia cristã não é um
conjunto de escolas inúteis, pois tais preconceitos
constituem radicalismos que desejam destruir o pensamento
da tradição e reconstruir um edifício totalmente
novo, negando o que se construiu no passado.
Aspectos Históricos da Filosofia cristã
A
Filosofia cristã inicia-se por volta do século II.
Ela surge através do movimento da comunidade cristã chamada Patrística,
que tinha como principal objetivo a defesa da fé.
É provável que a Patrística tenha finalizado por volta do século VIII.
Do século XI
em diante a filosofia cristã manifestou-se através da Escolástica.
Este é o período da filosofia medieval ou da Idade
Medieval que estendeu-se até o século XV,
como assinala T. Adão Lara. A partir do século XVI
a filosofia cristã, com suas teorias, passa a conviver com teorias científicas e
filosóficas independentes.
O
desenvolvimento das ideias cristãs representa uma ruptura em relação a
filosofia dos gregos, tendo em vista que o ponto de partida da filosofia cristã
é a mensagem religiosa cristã. A actividade missionária dos apóstolos,
seguidores de Jesus Cristo, contribuiu para a difusão da mensagem cristã, mesmo
que no seu início o cristianismo tenha sido alvo de perseguições.
A
partir do império de Constantino I, o Grande o cristianismo torna-se
oficialmente reconhecido (ver: Édito de Milão). Este é momento histórico
inicial da História
Ocidental
propriamente dita. A justiça romana, a cultura grega e o
cristianismo ascendente imbricados, pode-se dizer até com alguns objectivos éticos
comuns, estabelecem novos rumos para o pensamento cristão.
A
estrutura da obra de T. Adão Lara nos indica uma importante divisão dos
aspectos da filosofia cristã na Idade Média:
I. A filosofia medieval, em gestação: a Patrística
(séc. II-VII).
II. A filosofia medieval, no período da constituição e de maior
riqueza conceitual: a Escolástica (séc. IX-XIII).
III. A filosofia medieval em processo de mutação e superação:
os Pré-modernos (séc. XIV-XV)."
Esta
estrutura de Lara mostra a caracterização histórico-temática clara e sem
preconceitos, o que efectivamente demonstra os aspectos históricos da filosofia
cristã na era medieval. Mas para se falar sobre isso
seria preciso sentir Deus
na sua vida, pois seria como a filosofia procurava a verdade.
Características da Filosofia Cristã
Demonstração natural
Suas
proposições necessitam ser demonstradas de forma natural e utiliza-se de
reflexões condicionadas pela experiência - com o uso da razão.
O ponto de partida filosófica da filosofia cristã é a lógica,
não excluindo as doutrinas teológicas cristãs. Embora haja relação entre as
doutrinas teológicas e a reflexão filosófica na filosofia cristã, as reflexões
desta possui caracterização estritamente racional.
Justificação das verdades de fé
Não
deve haver contrariedade entre a filosofia cristã e as verdades de fé. Em seus argumentos
e proposições a filosofia cristã procurar aperfeiçoar-se, embora não gozando de
total infalibilidade. Não há aberta oposição à doutrina da igreja, pois a
filosofia que assim o fizer não pode ser chamada de filosofia cristã, mas
filosofia. A verdade revelada é benéfica porque evita erros em questões
essenciais.
Fundamentalmente
o ideal filosófico cristão é tornar evidente racionalmente, através da razão
natural, as convicções religiosas. A atitude do filósofo cristão é determinada
pela fé em questões referentes à cosmologia
e o quotidiano. Diferente do filósofo, o filósofo cristão busca condições para
a identificação da verdade eterna, sendo caracterizado pela religiosidade
Há
críticas a essa filosofia pelo fato da religião cristã ser hegemônica desta
época e centralizar a elaboração de todos os valores.
Questiona-se a coexistência de filosofia e religião,
pois a filosofia em si é crítica e a religião
fundada na revelação e dogmas estabelecidos. Lara acredita que houve questionamento e
escritos com características filosóficas no Medievo, embora tendo predominância
da religião e da Teologia. Desta forma era estabelecido pelos dogmas, em alguns
aspectos, não impediram que houvesse construções filosóficas significativas.
A tradição
A
filosofia cristã desenvolveu-se a partir de filosofias predecessoras. Justino
fundamenta-se na filosofia grega, a escolástica em Agostinho e na Patrística.
Está na tradição do pensamento filosófico cristão o Judaísmo,
de quem foi herdado o Antigo Testamento e mais fundamentalmente a
mensagem do Evangelho,
que constitui o centro da mensagem defendida pelo cristianismo.
A
concepção cristã européia em seu início, a Patrísitica, recebe influência tanto
dos Judeus
quanto dos Árabes.
Esta Europa Cristã não permaneceu enclausurada em si mesma, mas sofreu fortes
influências de outras culturas.
Elucidação da fé
Clarificar
a fé é um dos principais problemas investigados pela filosofia cristã.
Os
problemas de base são: Imortalidade da alma, liberdade;
Os
problemas imprescindíveis: questões lógicas e epistemológicas
e divisão das ciências; Os não-essenciais: a filosofia da natureza.
Visão sistematizadora
Existe
a tentativa de sistematizar de forma ampla e total os problemas da realidade
num todo harmónico. Há carência de espírito
criativo, o que é compensado com a visão de conjunto. A própria
revelação proporciona ao cristão uma visão geral.
A Sagrada Escritura
O
cristianismo surge como religião fundamentada em fatos históricos que envolvem Jesus de
Nazaré e um pequeno grupo de galileus.
Coube a estes o anúncio do aparecimento do Messias
esperado pelos profetas
do Antigo Testamento.
A
filosofia procura interpretar racionalmente os fenómenos do mundo. Como
religião, houve necessidade do cristianismo defrontar-se com a filosofia helénica
por causa da posição religiosa dos gregos. As especulações gregas são
questionadas tanto como fundamento da verdade absoluta dada pela revelação e a
cura pela fé e pela Graça.
Religião
Religião
(especula-se várias origens. Detalhes na seção etimologia)
é um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de visões de mundo, que
estabelece os símbolos que relacionam a humanidade
com a espiritualidade e seus próprios valores morais. Muitas
religiões têm narrativas,
símbolos,
tradições
e histórias sagradas que se destinam a dar sentido à
vida ou explicar a sua origem
e do universo.
As religiões tendem a derivar a moralidade,
a ética,
as leis religiosas ou um estilo de
vida preferido de suas ideias sobre o cosmos e a natureza
humana.
A
palavra religião é muitas vezes usada como sinônimo de fé ou sistema de crença, mas a religião difere da
crença
privada na medida em que tem um aspecto público. A maioria das religiões têm
comportamentos organizados, incluindo hierarquias
clericais,
uma definição do que constitui a adesão ou filiação, congregações de leigos, reuniões regulares
ou serviços para fins de veneração
ou adoração de uma divindade ou para a oração,
lugares (naturais ou arquitetônicos) e/ou escrituras
sagradas para seus praticantes. A prática de uma religião pode também incluir sermões,
comemoração das atividades de um deus ou deuses, sacrifícios, festivais, festas, transe, iniciações,
serviços
funerários, serviços matrimoniais, meditação,
música,
arte, dança,
ou outros aspectos religiosos da cultura humana.
O desenvolvimento da religião assumiu
diferentes formas em diferentes culturas. Algumas religiões colocam a tônica na
crença, enquanto outras enfatizam a prática. Algumas religiões focam na
experiência religiosa subjetiva do indivíduo, enquanto outras consideram as
atividades da comunidade religiosa como mais importantes. Algumas religiões
afirmam serem universais, acreditando que suas leis e cosmologia
são válidas ou obrigatórias para todas as pessoas, enquanto outras se destinam
a serem praticada apenas por um grupo bem definido ou localizado. Em muitos
lugares, a religião tem sido associada com instituições públicas, como educação,
hospitais,
família,
governo
e hierarquias políticas.
Alguns
acadêmicos que estudam o assunto têm dividido as religiões em
três categorias amplas: religiões mundiais, um termo que se refere à
crenças transculturais e internacionais; religiões indígenas, que se refere a grupos
religiosos menores, oriundos de uma cultura ou nação específica; e o novo movimento religioso, que refere-se a
crenças recentemente desenvolvidas.
Uma teoria acadêmica moderna sobre a religião, o construtivismo social, diz que a religião
é um conceito moderno que sugere que toda a prática espiritual e adoração segue
um modelo semelhante ao das religiões abraâmicas, como um sistema de
orientação que ajuda a interpretar a realidade e definir os seres humanos
e, assim, a religião, como um conceito, tem sido aplicado de forma inadequada
para culturas não-ocidentais que não são baseadas em tais
sistemas ou em que estes sistemas são uma construção substancialmente mais
simples.
Etimologia
A
palavra portuguesa religião deriva da palavra latina religionem (religio
no nominativo),
mas desconhece-se ao certo que relações estabelece religionem com outros
vocábulos. Aparentemente no mundo latino anterior ao surgimento do cristianismo,
religionem referia-se a um estilo de comportamento marcado pela rigidez
e pela precisão.
A raiz
da palavra religião tem ligações com o -lig- de diligente ou inteligente
ou com le-, lec-, -lei, -leg- de "ler", "lecionar",
"eleitor" e "eleger" respectivamente. o re- iniciar é um
prefixo que vem de red(i) "vir", "voltar" como em
"reditivo" ou "relíquia"
Historicamente
foram propostas várias etimologias para a origem de religio. Cícero,
na sua obra De natura deorum, (45 a.C.) afirma que o termo se refere a relegere,
reler, sendo característico das pessoas religiosas prestarem muita atenção a
tudo o que se relacionava com os deuses, relendo as escrituras. Esta proposta
etimológica sublinha o carácter repetitivo do fenómeno religioso, bem como o
aspecto intelectual. Mais tarde, Lactâncio
(século III
e IV
d.C.) rejeita a interpretação de Cícero e afirma que o termo vem de religare,
religar, argumentando que a religião é um laço de piedade que serve para
religar os seres humanos a Deus.
No
livro "A Cidade de Deus" Agostinho de Hipona (século IV
d.C.) afirma que religio deriva de religere,
"reeleger". Através da religião a humanidade reelegia de novo a Deus, do qual se tinha
separado. Mais tarde, na obra De vera religione Agostinho retoma a
interpretação de Lactâncio, que via em religio uma relação com
"religar".
Macróbio
(século V
d.C.) considera que religio deriva de relinquere, algo que nos
foi deixado pelos antepassados.
A
palavra "religião" foi usada durante séculos no contexto cultural da Europa, marcado
pela presença do cristianismo que se apropriou do termo latino religio.
Em outras civilizações não existe uma palavra equivalente. O hinduísmo antigo
utilizava a palavra rita que apontava para a ordem cósmica do mundo, com
a qual todos os seres deveriam estar harmonizados e que também se referia à
correcta execução dos ritos pelos brâmanes.
Mais tarde, o termo foi substituído por dharma, termo que atualmente é
também usado pelo budismo e que exprime a ideia de uma lei divina e eterna. Rita
relaciona-se também com a primeira manifestação humana de um sentimento
religioso, a qual surgiu nos períodos Paleolítico
e Neolítico,
e que se expressava por um vínculo com a Terra e com a Natureza,
os ciclos e a fertilidade. Nesse sentido, a adoração à Deusa mãe,
à Mãe Terra ou Mãe Cósmica estabeleceu-se como a primeira
religião humana. Em torno desse sentimento formaram-se sociedades matriarcais centradas na figura
feminina e suas manifestações. Ainda entre os hindus destaca-se a deusa Kali ou A negra
como símbolo desta Mãe cósmica. Cada uma das civilizações antigas
representaria a Deusa, com denominações variadas: Têmis
(Gregos), Nu Kua
(China),
Tiamat
(Babilônia)
e Abismo
,(Bíblia).
Segundo o mitologista Joseph Campbell a mudança de uma ideia original
da Deusa mãe identificada com a Natureza para um conceito de Deus
deve-se aos hebreus
e à organização patriarcal desta sociedade. O patriarcalismo formou-se a partir
de dois eventos fundamentais: a atividade belicosa de pastoreio de gado bovino
e caprino e às constantes perseguições
religiosas que desencadeavam o nomadismo e a perda de identidade territorial. Herdado da
cultura hebraica, patriarcado é uma palavra derivada do grego pater,
e se refere a um território ou jurisdição governado por um patriarca;
de onde a palavra pátria. Pátria relaciona-se ao conceito de país, do
italiano paese, por sua vez originário do latim pagus, aldeia, donde
também vem pagão.
País, pátria, patriarcado e pagão tem a mesma raiz. Independente da origem, o
termo é adotado para designar qualquer conjunto de crenças e valores que
compõem a fé
de determinada pessoa ou conjunto de pessoas. Cada religião inspira certas
normas e motiva certas práticas.
Conceitos
Existem
termos que são ditos/escritos frequentemente no discurso religioso grego,
romano, judeu e cristão. Entre eles estão: sacro e seus derivados
(sacrar, sagrar, sacralizar, sacramentar, execrar), profano
(profanar) e deus(es).
O conceito desses termos varia bastante conforme a época e a religião de quem
os emprega. Contudo, é possível ressaltar um mínimo comum à grande parte dos
conceitos atribuídos aos termos.
Os
religiosos gregos e romanos criam na existência de vários deuses; os judeus,
muçulmanos e cristãos acreditam que há apenas uma divindade, um ser impossível
de ser sentido pelos sensores humanos e que é capaz de provocar acontecimentos
improváveis/impossíveis que podem favorecer ou prejudicar os homens. Para
grande parte das religiões, as coisas e as ações se dividem entre sacras e
profanas. Sacro
é aquilo que mantém uma ligação/relação com o(s) deus(es). Frequentemente está
relacionado ao conceito de moralidade. Profano
é aquilo que não mantém nenhuma ligação com o(s) deus(es). Da mesma forma, para
grande parte das religiões a imoralidade e o profano são correspondentes. Já o
verbo "profanar" (tornar algo profano) é sempre tido como uma ação má
pelos religiosos.
Definição
Dentro
do que se define como religião podem-se encontrar muitas crenças e
filosofias diferentes. As diversas religiões do mundo são de facto muito
diferentes entre si. Porém ainda assim é possível estabelecer uma característica
em comum entre todas elas. É facto que toda religião possui um sistema de
crenças no sobrenatural, geralmente envolvendo divindades, deuses e demónios.
As religiões costumam também possuir relatos sobre a origem do Universo,
da Terra
e do Homem,
e o que acontece após a morte. A maior parte crê na vida após a morte.
A
religião não é apenas um fenômeno individual, mas também um fenômeno social.
Exemplos de doutrinas que exigem não só uma fé individual, mas também adesão a
um certo grupo social, são as doutrinas da Igreja, do judaísmo,
dos amish.
A
ideia de religião com
muita frequência contempla a existência de seres superiores que teriam
influência ou poder de determinação no destino humano. Esses seres são
principalmente deuses, que ficam no topo de um sistema que pode incluir
várias categorias: anjos, demônios, elementais, semideuses, etc.
Outras
definições mais amplas de religião dispensam a ideia de divindades e focalizam
os papéis de desenvolvimento de valores morais, códigos de conduta e senso
cooperativo em uma comunidade.
Ateísmo
é a ausência de crença em qualquer tipo de deus, muitas vezes se contrapondo às
religiões teístas. Agnosticismo é a postura filosófica que afirma
ser impossível saber racionalmente sobre a existência ou inexistência de deuses
e sobre a veracidade de qualquer religião teísta, por falta de provas
favoráveis ou contrárias. Deísmo é a crença na existência de um Deus criador, mas
questiona a ideia de revelação divina.
Algumas
religiões não consideram deidades, e podem ser consideradas como ateístas
(apesar do ateísmo não ser uma religião, ele pode ser uma característica
de uma religião). É o caso do budismo, do confucionismo
e do taoísmo.
Recentemente surgiram movimentos especificamente voltados para uma prática
religiosa (ou similar) da parte de deístas, agnósticos e ateus - como exemplo
podem ser citados o Humanismo Laico e o Unitário-Universalismo.
Outros criaram sistemas filosóficos alternativos como August Comte,
fundador da Religião da Humanidade.
As
religiões que afirmam a existência de deuses podem ser
classificadas em dois tipos: monoteísta ou politeísta. As religiões monoteístas
(monoteísmo)
admitem somente a existência de um único deus, um ser supremo. As religiões
politeístas (politeísmo) admitem a existência de mais de um deus.
Atualmente,
as religiões monoteístas são dominantes no mundo: Judaísmo,
Cristianismo
e Islamismo
juntos agregam mais da metade dos seres humanos e quase a totalidade do mundo
ocidental. Além destas, o Zoroastrismo, a Fé Bahá'í,
o Espiritismo
e Bnei Noah
são religiões monoteístas.
Movimentos religiosos
Mapa das maiores religiões do planeta.
Esta
classificação procura agrupar as religiões com base em critérios geográficos,
como a concentração numa determinada região ou o facto de certas religiões
terem nascido na mesma região do mundo. As categorias mais empregues são as
seguintes:
- Religiões abraâmicas: judaísmo, cristianismo, islamismo, espiritismo, fé bahá'í;
- Religiões da Ásia Oriental: confucionismo, taoísmo, budismo mahayana e xintoísmo;
- Religiões da Índia: hinduísmo, jainismo, budismo e siquismo;
- Religiões africanas: religiões dos povos tribais da África Negra;
- Religiões da Oceania: religiões dos povos das ilhas do Pacífico, da Austrália e da Nova Zelândia;
- Religiões da Antiga Grécia e Roma.
- zoroastrismo
Esta
classificação não se refere à forma como tais religiões estão distribuídas hoje
pela Terra, mas às regiões onde elas surgiram. Fundamenta-se no fato de que as
religiões paridas em regiões próximas mantém também proximidades em relação aos
seus credos, por exemplo: as religiões nascidas no Oriente Médio em geral são
monoteístas e submetem seus crédulos a forte regime de proibições e obrigações,
sempre se utilizando de ameaças pós-mortem como a do inferno cristão. Já as
religiões nascidas no Oriente Distante são ou politeístas ou espiritualistas
(não pregam a existência de nenhum deus, mas acreditam em forças espirituais) e
são mais flexíveis quanto suas normas morais.
A
distribuição atual das religiões não corresponde às suas origens, já que
algumas perderam força em suas regiões nativas e ganharam participação em
outras partes do planeta, um exemplo básico é o cristianismo, que é minoritário
no Oriente Médio (onde surgiu) e majoritário em todo o Ocidente e na Oceania
(para onde migrou).
Mundo contemporâneo
Este mapa mostra as religiões predominantes que
caracterizam cada país no mundo. Em muitos casos, duas religiões com extensões
de difusão semelhante, na mesma área, são representados por uma textura
listrada que alterna tanto as cores associadas com os dois sistemas religiosos
(em inglês).
Percentagem de cidadãos por país que consideram a
religião "muito importante" (em inglês).
Desde
os finais do século XIX, e em particular desde a segunda
metade do século XX, o papel da religião, bem como seu
número de aderentes, se tem alterado profundamente.
Alguns
países cuja tradição religiosa esteve historicamente ligada ao cristianismo, em
concreto os países da Europa, experimentaram um significativo declínio da
religião. Este declínio manifestou-se na diminuição do número de pessoas que
frequenta serviços religiosos ou do número de pessoas que desejam abraçar uma
vida monástica
ou ligada ao sacerdócio.
Em
contraste, nos Estados Unidos, na América
Latina e na África subsariana, o cristianismo cresce
significativamente; para alguns estudiosos[quem?] estes locais serão num
futuro próximo os novos centros desta religião. O islão é actualmente a
religião que mais cresce em número de adeptos, que não se circunscrevem ao
mundo árabe, mas também ao sudeste asiático, e a comunidades na Europa e no
continente americano. O hinduísmo, o budismo e o xintoísmo tem a sua grande
área de influência no Extremo Oriente, embora as duas primeiras
tradições influenciem cada vez mais a espiritualidade dos habitantes do mundo
ocidental. A Índia,
onde cerca de 80% da população é hindu, é um dos países mais religiosos do
mundo, ficando em segundo lugar após os Estados Unidos. As explicações para o
crescimento das religiões nestas regiões incluem a desilusão com as grandes
ideologias do século XIX e XX, como o nacionalismo
e o socialismo.
Por
outro lado, o mundo ocidental é marcado por práticas
religiosas sincréticas, ligadas a uma "religião individual" de cada
um faz para si e ao surgimento dos chamados "novos movimentos
religiosos". Embora nem todos esses movimentos sejam assim tão recentes, o
termo é usado para se referir a movimentos neocristãos (Movimento de Jesus),
judaico-cristãos (Judeus por Jesus), movimentos de inspiração oriental (Movimento Hare Krishna) e a grupos que
apelam ao desenvolvimento do potencial humano através por exemplo de técnicas
de meditação (Meditação Transcendental).
Também
presente na Europa e nos Estados Unidos da América é aquilo que os
investigadores designam como uma "nebulosa místico-esotérica", que
apela a práticas como o xamanismo, o tarot, a astrologia, os mistérios e cuja actividades giram em torno da
organização de conferências, estágios, revistas e livros. Algumas das
características desta nebulosa místico-esotérica são as centralidades do
indivíduo que deve percorrer um caminho pessoal de aperfeiçoamento através da
utilização de práticas como o ioga, a meditação,
a ideia de que todas as religiões podem convergir , o desejo de paz mundial e
do surgimento de uma nova era marcada por um nível superior de consciência.
Quatro maiores religiões
|
Seguidores[
|
% da população mundial
|
Artigo
|
População mundial
|
6,8 bilhões12
|
Dados extraídos de artigos
individuais:
|
|
1,9 bilhão – 2,1 bilhões13
|
29% – 32%
|
||
1,3 bilhão – 1,57 bilhão14
|
19% – 21%
|
||
7% – 21%
|
|||
950 milhões – 1 bilhão17
|
14% – 20%
|
||
Total
|
4,65 bilhões – 6,17 bilhões
|
68,38% – 90,73%
|
Mídia
Em 23 de
dezembro de 1999
em seu número especial por ocasião da mudança do milênio, a revista The Economist
publicou uma nota necrológica de Deus, e afirmou mais tarde ter agido
precipitadamente. Num longo noticiário de 3 de novembro
de 2007,
reconhece que apesar do prognóstico laicista ou secularista, a fé sobrevive. O
noticiário concluiu que para um político ou estadista seria um erro muito
perigoso ignorar ou legar a um segundo plano a religião. A temática em torno de
religião e sobre Deus
também tomou conta do debate político na África
em 2010
e ganhou espaço na campanha eleitoral, candidatos são obrigados a responder
perguntas sobre religião e se veem compelidos a participar de cultos.
Características
Embora
cada religião apresente elementos próprios, é também possível estabelecer uma
série de elementos comuns às várias religiões e que podem permitir uma melhor
compreensão do fenómeno religioso.
As
religiões possuem grandes narrativas, que explicam o começo do mundo ou que
legitimam a sua existência. O exemplo mais conhecido é talvez a narrativa do Génesis
na tradição judaica e cristã. Quanto à legitimação da existência e da validade
de um sistema religioso, este costuma apelar a uma revelação ou à obtenção de
uma sabedoria por parte de um fundador, como sucede no budismo,
onde o Buda
alcançou a iluminação enquanto meditava debaixo de uma figueira ou no Islão,
em que Muhammad
recebeu a revelação do Corão de Deus.
As
religiões tendem igualmente a sacralizar determinados locais. Os motivos para
essa sacralização são variados, podendo estar relacionados com determinado
evento na história da religião (por exemplo, a importância do Muro das Lamentações no judaísmo) ou
porque a esses locais são associados acontecimentos miraculosos (santuários
católicos de Fátima ou de Lourdes) ou porque são marcos de eventos religiosos
relacionados à mitologia da própria religião (monumentos megalíticos, como Stonehenge,
no caso das religiões pagãs). Na antiga religião grega, os templos não eram locais
para a prática religiosa, mas sim locais onde se acreditava que habitava a
divindade, sendo por isso sagrados.
As
religiões estabelecem que certos períodos temporais são especiais e dedicados a
uma interacção com o divino. Esses períodos podem ser anuais, mensais, semanais
ou podem mesmo se desenrolar ao longo de um dia. Algumas religiões consideram
que certos dias da semana são sagrados (Shabat no
judaísmo ou o Domingo no cristianismo), outras marcam esses dias
sagrados de acordo com fenômenos da natureza, como as fases da lua, na religião
Wicca, em que todo primeiro dia de lua cheia esbat é considerado
sagrado. As religiões propõem festas ou períodos de jejum e meditação que se
desenvolvem ao longo do ano.
O estudo da religião
História do estudo da religião
As
primeiras reflexões sobre a religião foram feitas pelos antigos Gregos e
Romanos. Xenofonte
relativizou o fenómeno religioso, argumentando que cada cultura criava deuses à
sua semelhança. O historiador grego Heródoto
descreveu nas suas Histórias as várias práticas religiosas dos povos que
encontrou durante as viagens que efectuou. Confrontado com as diferenças
existentes entre a religião grega e a religião dos outros povos, tentou
identificar alguns deuses das culturas estrangeiras com os deuses gregos. O sofista
Protágoras declarou desconhecer se os deuses existiam ou não, posição que teve
como consequências a sua expulsão de Atenas e o
queimar de toda a sua obra. Crítias defendeu que a religião servia para disciplinar os
seres humanos e fazer com que estes aderissem aos ideais da virtude e da
justiça. Júlio César e o historiador Tácito descreveram nas suas obras as
práticas religiosas dos povos que encontraram durante as suas conquistas
militares.
Nos
primeiros séculos da era actual, os autores cristãos produziram reflexões em
torno da religião fruto dos ataques que experimentaram por parte dos autores
pagãos. Estes criticavam o facto desta religião ser recente quando comparada
com a antiguidade dos cultos pagãos. Como resposta a esta alegação, Eusébio de Cesareia e Agostinho de Hipona
mostraram que o cristianismo se inseria na tradição das escrituras hebraicas,
que relatavam a origem do mundo. Para os primeiros autores cristãos, a
humanidade era de início monoteísta, mas tinha sido corrompida pelos cultos
politeístas que identificavam como obra de Satanás.
Durante
a Idade Média,
os pensadores do mundo muçulmano revelaram um conhecimento mais profundo das
religiões que os autores cristãos. Na Europa, as viagens de Marco Polo
permitiram conhecer alguns aspectos das religiões da Ásia,
porém a visão sobre as outras religiões era limitada: o judaísmo era condenado
pelo facto dos judeus terem rejeitado Jesus como messias e o islão
era visto como uma heresia.
O Renascimento
foi um movimento cultural e artístico que procurava reviver os moldes da
Antiguidade. Assim sendo, os antigos deuses dos gregos e dos romanos deixaram
de ser vistos pela elite intelectual e artística como demónios, sendo
representados e estudados pelos artistas que os representavam. Nicolau de
Cusa realizou um estudo comparado entre o cristianismo e o islão em
obras como De pace fidei e Cribatio Alcorani. Em Marsílio
Ficino encontra-se um interesse em estudar as fontes das diferentes
religiões; este autor via também uma continuidade no pensamento religioso. Giovanni Pico della Mirandola
interessou-se pela tradição mística do judaísmo, a Cabala.
As
descobertas e a expansão européia pelos continentes, tiveram como consequência
a exposição dos europeus a culturas e religiões que eram muito diferentes das
suas. Os missionários cristãos realizaram descrições das várias religiões,
entre as quais se encontram as de Roberto de
Nobili e Matteo Ricci, jesuítas que conheceram bem as
culturas da Índia
e da China,
onde viveram durante anos.
Em 1724 Joseph François Lafitau,
um padre jesuíta, publicou a obra Moeurs des sauvages amériquains comparées
aux moeurs des premiers temps na qual comparava as religiões dos índios, a
religião da Antiguidade Clássica e o catolicismo, tendo chegado à conclusão de
que estas religiões derivavam de uma religião primordial.
Nos
finais do século XVIII e no início do século XIX
parte importante dos textos sagrados das religiões tinham já sido traduzidos
nas principais línguas européias. No século XIX
ocorre também a estruturação da antropologia
como ciência, tendo vários antropólogos se dedicado ao estudo das religiões dos
povos tribais. Nesta época os investigadores reflectiram sobre as origens da
religião, tendo alguns defendido um esquema evolutivo, no qual o animismo
era a forma religiosa primordial, que depois evoluía para o politeísmo
e mais tarde para o monoteísmo.
Abordagens disciplinares
O
estudo científico da religião é actualmente realizado por várias disciplinas
das ciências sociais e humanas. A história das religiões, nascida na segunda
metade do século XIX, estuda a religião recorrendo aos métodos da investigação
histórica. Ela estuda o contexto cultural e político em que determinada
tradição religiosa emergiu.
A
Sociologia da Religião analisa as religiões como fenómenos sociais, procurando
desvendar a influência dela na vida do indivíduo e da comunidade. A Sociologia
da Religião tem como principais nomes Emile
Durkheim, Karl Marx,Ernst
Troeltsch, Max Weber e Peter Berger.
A Antropologia,
tradicionalmente centrada no estudo dos povos sem escrita (embora os seus
campos de estudo possam ser também as modernas sociedades capitalistas),
desenvolveu igualmente uma área de estudo da religião, na qual se especulou
sobre as origens e funções da religião. John Lubbock,
no livro The Origin of Civilization and the Primitive Condition of Man
apresentou um esquema evolutivo da religião: do ateísmo (entendido como
ausência de ideias religiosas), passa-se para o xamanismo, o antropomorfismo, o
monoteísmo e finalmente para o monoteísmo ético. Esta visão evolucionista foi
colocada em questão por outros investigadores, como E.B. Taylor que considerava
o animismo
como a primitiva forma de religião.
A Fenomenologia da Religião,
que deriva da filosofia
fenomenológica de Edmund Husserl, tenta captar o lado único da
experiência religiosa. Utiliza como principal método científico a observação,
explicando os mitos,
os símbolos
e os rituais. Ela procura compreender a religião do ponto de vista do crente,
bem como o valor dessas crenças na vida do mesmo. Por estas razões evita os
juízos de valores (conceito de epoje ou abandono de qualquer juízo de
valor). Os principais nomes ligados à Fenomenologia da Religião são Nathan Soderblom, Garardus van der Leeuw, Rudolf Otto,
Friedrich Heiler e Mircea Eliade.
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