Os
Deveres dos Pastores no Trato com os Membros da Igreja
O homem que ocupa o cargo pastoral na igreja de Deus é
designado no Novo Testamento por três termos distintos: pastor,
presbítero e bispo (At 20.17,28; Ef 4.11; Tt 1.5,7). Cada um desses
termos destaca diferentes aspectos das funções que o ministro cristão deve
exercer junto ao povo que Deus lhe confiou.
O termo “pastor” (poimén) é o
mais abrangente entre os três supracitados, pois realça as tarefas de proteger e apascentar (o que
inclui conduzir) um rebanho. A figura do pastor da igreja como protetor do
rebanho de Deus aparece em Atos 20.28-31. Nessa passagem, Paulo,
despedindo-se dos pastores da igreja de Éfeso, diz que lobos vorazes atacariam
as ovelhas do Senhor que estavam sob seus cuidados e não as poupariam,
arrastando-as à destruição por meio de ensinos perversos. Segundo Paulo, diante
dessa ameaça, os pastores deveriam vigiar, mantendo-se sempre atentos e
prontos, a fim de afugentar aquelas feras malignas e manter o rebanho de Deus
ileso.
Obviamente, esse aspecto da função
pastoral é imperativo aos ministros de Cristo de todas as épocas e de todos os
lugares, enquanto dirigem as igrejas em que foram postos. Aliás, o Apocalipse
revela que os pastores de Pérgamo e de Tiatira foram negligentes precisamente
na realização dessa tarefa, sendo esse o motivo pelo qual o Senhor os censurou
tão severamente (Ap 2.14-16, 20-23).
Conforme já referido, o vocábulo grego
poimén (e o verbo poimaino, associado a essa palavra) também aponta
para a tarefa de apascentar, ou seja, prover as necessidades das ovelhas,
conduzindo-as na direção de bons pastos e de água fresca. Com base na figura
que esses termos evocam, conclui-se que o pastor, como oficial eclesiástico,
também deve apascentar o povo de Deus, garantindo-lhe o suprimento de alimento
e de refrigério espirituais.
Não restam dúvidas de que o crente
precisa de alimento para a alma (Mt 4.4; 1Pe 2.2). Ora, o ofício de
pastor está entre aqueles que Deus instituiu exatamente para fornecer esse
alimento aos crentes (2Tm 4.1,2), a fim de que eles sejam equipados para
o serviço dos santos, cresçam na unidade da fé, amadureçam nas virtudes de
Cristo e deixem de ser como meninos facilmente levados por qualquer vento de
doutrina (Ef 4.11-14).
Apascentar o rebanho de Cristo, porém,
não abrange somente oferecer-lhe o alimento da Palavra com o fim de
transmitir conhecimento e gerar maturidade. O pastor zeloso tem de ir além
disso e, sempre com a Palavra do Senhor em punho, deve trabalhar para
satisfazer também as necessidades de consolo e descanso das ovelhas de Jesus.
Nesse aspecto, é notório que, nas Escrituras Sagradas, a condução ao
alívio e ao refrigério é uma prática distintamente pastoral (Sl 23.1-3; Ap
7.17), sendo certo que a falta desse trabalho é um dos motivos pelos quais
as pessoas passam a viver cansadas e aflitas (Mt 9.36).
Ora, há diversas situações em que o
pastor poderá atuar como alguém que conduz a ovelha cansada ao repouso, mas um
exemplo prático dessa forma de agir é mencionado em Tiago 5.14-15. Nesse
texto, o escritor bíblico (ele mesmo um pastor) ensina que, quando alguém
estiver doente, deve chamar os presbíteros da igreja. Estes, então, orarão pelo
enfermo e tentarão trazer-lhe algum alívio tanto físico como espiritual — o emprego
do óleo mencionado nesse texto tinha objetivos simbólicos (a representação do
favor de Deus vindo sobre o enfermo) e humanitários (o óleo era usado para dar
refrigério). Em nada essa prática se assemelhava ao curandeirismo evangélico
que se vê hoje em dia. Esse tipo de visita, marcada por afeição, cuidado e até
serena admoestação, é uma das mais tocantes expressões do trabalho do homem de
Deus ocupado em apascentar o rebanho de Cristo, levando-lhe refrigério.
O Novo Testamento ensina ainda
que o pastoreio cuidadoso das ovelhas de Cristo é uma das provas principais do
amor do ministro por seu Senhor (Jo 21.15-17). Conforme o ensino de
Pedro, esse nobre trabalho deve ser realizado de boa vontade, nunca por mera
obrigação e, em hipótese alguma, movido pelo anseio de receber alguma vantagem
financeira desonesta (1Pe 5.2). Pedro diz ainda que o homem de Deus, no
exercício do pastorado, não pode agir como um déspota dominador que subjuga e
oprime as pessoas. Antes, tem de exercer sua autoridade apresentando-se como
modelo para os irmãos (1Pe 5.3).
O segundo termo designativo da
atividade pastoral é “presbítero” (presbyteros). Essa palavra também
está ligada à tarefa de ensinar (1Tm 5.17), pastorear (1Pe 5.1,2)
e cuidar (Tg 5.14). Porém, o termo evoca ainda outros deveres que
apontam para uma posição de destaque e de liderança (At 21.17-19).
Em seu significado básico, o
presbítero é um ancião. Assim, em um sentido não técnico,
o termo se refere a um homem idoso (At 2.17). Já em sentido técnico,
como nos casos em que é usado para designar os oficiais da igreja, a palavra
sugere a ideia de honorabilidade e sabedoria. Visto ainda a partir da realidade
cultural dos tempos bíblicos, o vocábulo “presbítero” evoca a figura do homem
revestido de autoridade que realizava a tarefa de julgar demandas e dirimir conflitos
entre indivíduos em litígio.
Ora, tanto a experiência como a
própria Escritura mostram que essa função é necessária na igreja, sendo
uma forma de evitar que as disputas entre crentes sejam levadas ao magistrado
civil, contrariando o ensino apostólico (1Co 6.1-6). Sendo, pois, esse
trabalho tão importante e delicado, é o pastor que, atuando como presbítero,
deverá realizá-lo ou, no mínimo, presidi-lo, aplicando a cada caso concreto os
princípios e preceitos específicos da Palavra de Deus que sejam então
cabíveis.
Realizando a importante função de
julgador dentro da comunidade da fé, o presbítero será, obviamente, alvo
especial de pessoas que se sentirem contrariadas por suas decisões. Por isso, a
Escritura proíbe que acusações contra ele sejam aceitas, exceto sob o
depoimento de duas ou três testemunhas (1Tm 5.19).
No Novo Testamento, o termo
“presbítero” também aparece ligado à tarefa de receber recursos destinados ao
auxílio dos carentes, indicando que os pastores são os responsáveis por avaliar
a real necessidade de cada um no momento da distribuição da ajuda material
ofertada aos pobres da igreja (At 11.29,30). Como juízes, eles também
aparecem deliberando acerca de disputas ético-doutrinárias, examinando as
razões expostas pelas partes em conflito e, finalmente, emitindo seu parecer
que, estando em harmonia com a revelação de Deus em sua Palavra, é
acolhido por toda a igreja (At 15.2,4,6,22).
O terceiro vocábulo usado na Bíblia
para designar o ofício pastoral é “bispo”. O substantivo grego (epískopos)
aparece somente cinco vezes no Novo Testamento, sendo que em uma dessas
vezes se refere a Cristo (1Pe 2.25). As outras quatro ocorrências
(At 20.28; Fp 1.1; 1Tm 3.2; Tt 1.7) dizem respeito a líderes da
comunidade cristã.
Epískopos é um termo relacionado à atividade de supervisionar ou
administrar. Esse sentido se encaixa perfeitamente em um dos deveres pastorais,
ou seja, o trabalho de inspecionar a igreja de Deus, primando pela sua pureza
vivencial e doutrinária a fim de que ela, em tudo, reflita o caráter do Senhor
e seu reto ensino.
Evidentemente, para realizar as
funções implícitas nos termos “pastor”, “presbítero” e “bispo” o ministro
eclesiástico precisará ter um amplo conhecimento bíblico e teológico (2Tm
2.15). Sem isso, seu trabalho destruirá a igreja, arruinará vidas e, do
ponto de vista bíblico e espiritual, será um fracasso completo.
Extraido do site: http://www.igrejaredencao.org.br
e adaptado por:
Pastor Edivaldo Pereira.
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