IGREJA E DENOMINAÇÃO PORQUE TANTA DIFERENÇA

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

JUSTIÇA DE DEUS


JUSTIÇA E AMOR DE DEUS

Para amar é necessário presença.
Impossível querer demonstrar e experimentar o amor sem envolvimento, sem acolhimento.
Por outro lado, para exercer a justiça se requer distanciamento, para que haja imparcialidade.
Quem se envolve ou tem algum grau de envolvimento inviabiliza o julgamento, pois automaticamente o amor falará mais forte. “O amor é mais forte que a morte”.
Justiça requer distância, amor requer presença.
Manter as duas em equilíbrio seria tentar unir duas realidades em extremos opostos, o que levaria a pessoa a uma escolha entre “frio ou quente” e passaria a ser “morno”. Situação recusável na espiritualidade cristã. Deus não é morno.
Quem escolhe entre amor ou justiça está escolhendo entre aqui ou lá, perto ou longe, presença ou distanciamento.
Fica aqui o desafio para que cada um escolha a que Deus servir: Deus presente ou deus ausente. Deus de dentro ou deus de fora.
Antes de qualquer outra coisa é bom salientar que o conceito de justiça apresentado inicialmente é este do senso comum, na figura de um juiz que por força do exercício do direito legal deve ser imparcial para sentenciar ou absolver ou réu.
Alguém poderia objetar e dizer: – Deus é Deus e pode concentrar em si mesmo coisas que na nossa cabeça não se encaixam, pois Ele é tudo, o equilíbrio de todas as coisas.
É verdade, Deus pode, apesar de saber que em se tratando do Deus cristão, o único Deus, não é uma questão de poder, mas de SER. Deus é.
Agora, devo então recordar, que Deus é amor e NOSSA justiça com a maior naturalidade, ou espiritualidade de seu ser, e, nos desafia a sermos também, desde que seja possível, pois Deus não exigiria de nós algo impossível.
Relembremos o óbvio, mas que pode ajudar na análise: O ímpio pratica impiedade, o justo pratica justiça.
Deus é justo, portanto seus atos, independente dos nossos, serão justos, pois Deus não deixa de ser quem é.
Quer dizer, se alguém fizer o mal, Deus fará o mal contra ele?
Deixaria suas obras de justiça em função da nossa maldade?
Só para recordar as palavras de Paulo: “se manifestou uma justiça que provém de Deus, independente da Lei”(Rm 3:21).
Pela Lei, “olho por olho e dente por dente”, mas pela justiça de Deus, pensemos…
O Livro de Isaías, conhecido como messiânico, nos traz algumas ideias sobre a justiça divina:
1 – Isaías 1: 17 aprendam a fazer o bem! Busquem a justiça, acabem com a opressão. Lutem pelos direitos do órfão, defendam a causa da viúva. (Buscar a justiça como acabar com a opressão, lutar pelos direitos dos frágeis; fazer o bem, que no caso matar é um mal)
2 – Isaías 5:7 … Ele esperava justiça, mas houve derramamento de sangue; esperava retidão, mas ouviu gritos de aflição.(Justiça contrária à morte e à aflição, em defesa da vida)
3 – Isaías 10: 1-2 Ai daqueles que fazem leis injustas, que escrevem decretos opressores, para privar os pobres dos seus direitos e da justiça os oprimidos do meu povo, fazendo das viúvas sua presa e roubando dos órfãos! (Injustiça como privação do bem)
4 – Isaías 11: 3-4 E ele se inspirará no temor do SENHOR. Não julgará pela aparência, nem decidirá com base no que ouviu; mas com retidão julgará os necessitados, com justiça tomará decisões em favor dos pobres. (O julgamento de Deus é reto porque defende os necessitados – supre-os; justo, pois defende o pobre).
5 – Isaías 30: 18 Contudo, o SENHOR espera o momento de ser bondoso com vocês; ele ainda se levantará para mostrar-lhes compaixão. Pois o SENHOR é Deus de justiça. Como são felizes todos os que nele esperam! (Deus quer mostrar sua compaixão, porque é Deus de justiça)
6 – Isaías 42: 1-3 “Eis o meu servo, a quem sustento, o meu escolhido, em quem tenho prazer. Porei nele o meu Espírito, e ele trará justiça às nações. Não gritará nem clamará, nem erguerá a voz nas ruas. Não quebrará o caniço rachado, e não apagará o pavio fumegante. Com fidelidade fará justiça; (O messias traz justiça às nações. Como? Não aumentando sofrimento àquele que sofre, mas livrando-os)
7 – Ezequiel 22: 29 O povo da terra pratica extorsão e comete roubos; oprime os pobres e os necessitados e maltrata os estrangeiros, negando-lhes justiça. (Negação de justiça é oprimir o pobre, extorquir, roubar e maltratar o diferente)
8 – Miquéias 3:1-2…Vocês deveriam conhecer a justiça! Mas odeiam o bem e amam o mal; arrancam a pele do meu povo e a carne dos seus ossos. (Conhecer a justiça: amar o bem e odiar o mal).
9 – Zacarias 7: 9 “Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Administrem a verdadeira justiça, mostrem misericórdia e compaixão uns para com os outros. ( Precisa dizer o que é uma verdadeira justiça? Pense em Deus exercendo sua justiça! como ela se manifestaria?)
Os textos por si só demonstram que justiça para Deus é fazer o bem, defender o fraco e oprimido, é se colocar ao lado do necessitado.
Jesus chamou a ajuda ao necessitado, de obras de justiça.
Segundo Paulo, (At 17) a prova de que Deus irá julgar o mundo com justiça é a ressurreição, isto é, Deus paga o mal – crucificação, com o bem – ressurreição.
No evangelho é revelada a justiça de Deus. O evangelho é a boa nova de que Deus salva o pecador.
No sacrifício de Cristo vemos a manifestação da justiça de Deus, não que ele tenha condenado seu Filho, mas porque perdoou os pecadores. Diante da rebeldia humana, Deus amou.
Feliz é o homem a quem Deus credita justiça, isto é perdoa seus pecados (Rm 4).
Matar inocentes, excluir o diferente, maltratar aquele que sofre seriam atos de um justo?
Por que feliz seria esperar a justiça do Senhor, se ele vier com ira destruidora?
Pois bem, a justiça que se revela na fé, crê que os enfermos são curados, os cegos vêem, os cativos são libertos. Haveria no exercício desta justiça algum sinal de que o pecador, na relação com Deus como figura do pobre, enfermo, cego e cativo, seria destruído? Aniquilado? Combatido? Aumentado seu sofrimento?
Pelo que me consta, a justiça de Deus é salvar, por isso o fruto da justiça é paz e bem aventurado aquele que nele espera.
Se Deus estiver contra o pecador, quem poderá ser salvo?
A justiça de Deus não opera pela Lei, é independente dela. A justiça de Deus opera pela graça. Se compreendermos isto, estaremos compreendendo o que significa “misericórdia quero e não sacrifícios”.
Mateus 9: 11-13 Vendo isso, os fariseus perguntaram aos discípulos dele: “Por que o mestre de vocês come com publicanos e ‘pecadores’?” Ouvindo isso, Jesus disse: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Vão aprender o que significa isto: ‘Desejo misericórdia, não sacrifícios’. Pois eu não vim chamar justos, mas pecadores”.
Eliel Batista

REVISADO POR EDIVALDO PEREIRA

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